13.10.06

A unha do cadáver azul

a pomba pagou ao Estado para dormir no parapeito da janela,
a janela pagou ao arquitecto para ficar no terceiro andar,
o telhado, que anda de mal com o Estado, pagou ao céu para ficar no quinto,
as escadas, fartas do vazio sem passos, pagaram ao senhorio para não haver elevador.

a vertigem pagou ao alcatrão para se atirar pela janela abaixo,
o jornal pagou ao pedinte para tirar a fotografia,

a pomba urinou no jornal
mas a Economia não tinha troco.

7 comentários:

  1. Olá Silvio:

    Obrigado por teres passado pelo Blog do Círculo de Poesia, E Obrigado pelas tuas palavras. Também vim espreitar por estas bandas e olhei.

    Ainda tenho os neurónios aos saltos, de cabeça para baixo, a recomporem-se de tantas questões, para cima e para baixo.

    Parabéns pelo teu humor e pelas tuas observações. Espero que consigas apurar cada vez mais esta forma tão própria de ver e de escrever.

    Um abraço,

    João

    ResponderEliminar
  2. Saber-poder-fingir que consigo-posso-sei comentar-te o texto com letras... Gostava.
    Mas escorrego-resvalo-deslizo mais nas tintas, desta vez.
    E pode ser que caia.

    ResponderEliminar
  3. Entre ficção e realidade só me ocorre uma palavra:

    genial.

    ResponderEliminar
  4. Que saudades de me perder nas tuas palavras, primo. Beijinhos

    ResponderEliminar
  5. Mas o Estado e a Economia em vôos de pomba ou de vertigem?

    ResponderEliminar
  6. Tantas boinas que eu vi por aqui!!!
    Obrigada

    ResponderEliminar