18.3.09

Fogo-de-santelmo ou «o lume vivo, que a marítima gente tem por santo»

Para que os navios sem mastro renasçam nas tormentas. Um dia uma música na flauta de um camponês desvia a tempestade para o mar, esse é o dia dos padrões de luz, pontas inimigas no bico de um pássaro. A ciência mal explicada é um pecado mortal, como rezar os mandamentos por ordem aleatória, graça de cheia Maria avé convosco sóis bendita vós senhor entre as mulheres, a ciência que bem explica é maldita e que arda no inferno todo o potencial eléctrico, a pagã ionização das moléculas, diabólicas umas, atómicas outras, um acto de fé para cada fotão, libertem-no, prendam-no, saltem de umas camadas tumulares para outras ainda piores, o dia está carregado de electricidade, Senhor, olha só que grande novidade nos dais. Ensinai São Telmo e Santo Elmo a nadar no fim das tempestades, mais braçadas e menos fogo-de-artifício. Elevem-se aos céus todos os .objectos pontiagudos, porque na terra é que não há explicações. O chão que pisas tanto é dos homens como dos cães.


Do mito se faz ciência.