6.8.07

Começou a lua. Não há fim por perto. É uma bola de fogo em extinção, não se queixa e está a arder.
A vizinha de cima atravessa o corredor na sombra de uma barata. A de baixo, com um ângulo de rotação menor, dorme sem sobressalto. A lua fala. Contorna com perícia todas as palavras que a fazem chorar. Diz coisas neutras: a linha pode ser infinita, tenho uma pedra angular no sapato, faltam treze dias para Outubro, ontem tinha mais frio e menos cabelo, há milhões de espécies de insectos no Senegal, não há fim por perto.
A noite é longa, há mais gente embriagada nas ruas e é proibido fumar enquanto não cair um cometa.