22.2.04

Sol & Dão audiovisual

estratega entrincheirado,
tens medo de vender movimentos a soldados
que sabes caídos. mortos.
cospe.

entre duas arvores e a probabilidade de elas serem
duas encontra-se provada a solidão.
cuspe.
sedento de abertura
pro-va-da.
mais óptica do que acústica, a experimentação.
“para sair dos limbos, o homem pensa”
a peste propaga-se forçosa-demente
Méliës, Eisenstein, um punhado de facas,
Poudovkine e o cantor de jazz,
doentes. com a demência cuspindo o rastejar para treva.
libélula.
Godard e Richardson sincronizados com o slide-show
ferrugento. cuspidos com fogo do Bucha e Estica.
e, no entanto, são cinema.

11.2.04

Sereia

o dedo indicador da memória aponta para ti em tardes como esta,
teu rosto rodopia, sem forma, nos sorrisos anónimos,
o resto da mão submete-se ao calor e
às rasuras de um bolso saturado de matéria vã.
o braço dispersa-se pelas suas próprias
células [infectadas pelo vírus Saudade] e extingue-se
neste movimento de teclas. habituar-se-á, não te preocupes.

a condição de cada objecto é a verdade
mas não há nenhum sem uma cor fora do lugar. neutra
perante essa coisa do existir ou do pensar que se existe. o dedo
indicador é uma aproximação perversa à área
de segurança delimitada por esse olhar. expansivo.
e aponta para ti.