25.8.05

Para que escreves homem da dor?
o caminho é estreito e os batedores municipais já estão fartos de o avisar:
nem para escrever nem para cagar. Na via pública não te deixamos sentar.
E ele: olha: lê o que escreve em voz: era como se cagasse - era merda que escrevia.
Daquela que faz chorar e sorrir
e depois se rasga.
por lei.

9.8.05

Esta é uma profissão filha da puta!
Roupa suja pelo pó, pelo verniz, por todos os inflamáveis que partilham o ar. Não é para respirar. Usa a máscara para que não morras já. Móveis para trás e para a frente. Aqui trabalha-se, há mesmo quem trabalhe todo o ano e é bom que se saiba. Quem chegue ao fim do dia e se contente com um chuveiro. Com um cigarro fumado À pressa. Livros ler? E o tempo para cozinhar, quem o inventava. Depois há a louça, a roupa, oferecer uma mão carinhosa (e só se tem duas!) a cada filho. Amo-vos pai e mãe. Amo-vos. Batalham tanto por mim. E sabe-vos tão bem aquele meio beijo que vos dou por semana.