# A chuva caiu como pão no estômago do homem que fumegava com fúria na boca e com gotas na língua. Em Madrid, um brasileiro festejava um golo.
# Fúria na boca de pensar a coisa que oculta e dizer o que jamais sonhou. Ignorando regulamentos, o homem suplica por um prolongamento.
# Gotas na língua de verdade. Dizer apenas o necessário e o urgente. E é urgente comer, é necessário dizê-lo.
# Na Graça, uma mota ruidosa fura o pacto de silêncio. Na apatia do anoitecer, grite-se: voa ali um homem vivo!
# Para onde caminhas? Que momento procuras?, pergunta um homem sentado. Estou sentado com muita pressa e não há maneira do meu momento chegar.
# É tempo de nos queixarmos da chuva, ensopados, como quem sai indignado de um mergulho de mar. Não nos avisaram que esta nuvem molhava.