3.9.09

Bicho, sonho, fúria

Uma cabeça de nuvem, cimento, a árvore que aponta ambição para o céu, constante aproximação, assim é tão fácil sonhar, assim um homem não tropeça nos seus monstros de estimação, certo dia contaram-me uma estória assim.

Ouve, há pessoas más e pessoas boas, pessoas grandes e pessoas pequenas, pessoas que ganham a vida de madrugada e que são roubadas durante o dia, há muita gente na fila que não sabe se isto tem fim ou para que serve, vê, aqui está um monte de papel usado, cada um deles eterniza informações de tremenda importância, até que os engulam as baratas. Os três filhos de Marília, idade, profissão, nome completo, é um exemplo, estão todos cá.

É o conhecimento, meu caro, se o queimam ele volta a atacar sob a forma de cheiro a bicho pestilento. Se o ameaçam com a ignorância, o bicho primeiro mata e o bicho, depois, morre.

Diz, um filho por cada raíz, se te roubam a verdade e a atiram para longe, não te rales, o mar, que tudo engole e tudo devolve, trá-la de volta. No final de cada página há sempre uma surpresa, um país a renascer numa janela de comboio. É a nação ou a carruagem que avança furiosa? O sonho que tropeça ou o homem, trapalhão, morto pelo bicho da página?


Pintura: Anthony Green

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