26.4.05

Este aqui.

Podia mentir e fingir-te como é agradável fechar-me nas chaves da porta, dentro das ausências do mundo, a olhar para o tecto.
Podia fingir e sorrir-lhes lá fora com todos os dentes surdos. Ouvi-los atentamente nos seus "olás tudos bens" e responder sem malícia "hoje até era um bom dia para estar, se não chovesse tanto, se não chovesse, nas vagas, tão pouco".
Até podia ser qualquer coisa que não este bêbedo fumador numa solidão de livros fechados. Tu sabes, nos meus sonhos não existe mentira, há os pesados não-saber-que-dizer mas nunca nenhum deles mentiu.
Podia estar lá fora, abraçar e saltar cá dentro mas nunca soube fingir e hoje sou um monstro: hoje só quis saber de mim, hoje tenho vergonha de ser.

Sem comentários:

Enviar um comentário