15.11.04

Título? não quer ter.

É salgada? Talvez seja. Sei que quer tanto, que foge de todos porque os quer tanto. É um lugar diferente, esta lágrima que gemo. Porque não acontece mais o que aconteceu tudo tão depressa. Podia ser uma questão, mas já não tenho paciência para essa dor, para as inconscientes demagogias de teclado que já nem eu, o próprio autor o genial criador de olhares fora-do-prazo de raivas com vontade de me matar, controlo. Já nem sei quem fala por mim. Sei que palavras e o não saber para onde ir. E depois choro. Talvez seja salgada mas agora é a solidão. E a fragilidade descendo-me na face. Rosto-rio de tanto amor, uma música mais afiada, lâmina cortante, Sigur Rós por exemplo, e é ver-me patinar nas valas-comuns, nestes fragmentos que não sei, na vontade de tudo geralmente espremida em fuga. Como as laranjas e as cebolas que choram as donas de casa. Eu choro sal e a inevitabilidade de desaparecer no Mar. Choro Fado e aguardo pacientemente a asfixia, das cordas de guitarra, dos portos de desabrigo, ou do fundo desse poço onde me encontras sem me ver. Talvez não seja salgada,
mas bem próxima do fim,
a lágrima que eu
(o génio, uma porcaria de nada, autor vomitando palavras, o sujo)
não sabendo o que dizer,
prefiro chamar de puta e imaginar de salto alto e saia pelo pescoço, descendo-me na face e queimando-a. Como lava de um vulcão no seu décimo terceiro enfarte.
Porque, sim, tudo indica que seja salgada. E que volte.

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