22.2.10

O nosso primeiro Rilke


(...)
«É certo ser estranho não mais habitar a terra,
não mais agir conforme o que mal acabáramos de aprender,
não mais dar às rosas, e a todas as outras coisas identicamente promissoras
o significado do humano futuro;
não mais ser o que se tinha sido
em infinitamente angustiadas mãos, e abandonar até
o próprio nome, como se fosse um brinquedo quebrado.
É estranho não mais desejos desejar. Estranho,
passar a ver sem conexão, disperso pelo espaço,
tudo o que antes tinha unidade. Estar morto
é laborioso e cheio de recomeços, até que aos poucos
nos apercebamos da eternidade.»
(...)

Rainer Maria Rilke, Primeira Elegia de Duíno

1 comentário:

  1. «Quando os relógios batem tão perto
    como dentro do próprio coração,
    e as coisas com vozes débeis
    perguntam umas às outras:
    - Estás aí? - :

    então não sou o mesmo que de manhã acordou,
    a noite dá-me um nome
    que nenhum daqueles a quem de dia falei
    ouviria sem angústia -

    Cada porta
    cede dentro de mim...»

    Rainer Maria Rilke

    (o último que li dele.)

    :)

    beijinho*

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