9.10.07

As Coimbras

Um:
O homem da guitarra tem medo de uma corda.
Evita-a com insistência, faz contas
de cabeça - dórrémíssol - fala sozinho.

A guitarra do homem tem uma corda a menos.
Afilge-se sem desistência, é fá de si mesma,
toca baixinho.

O medo é a corda que nunca esteve,
a música que a corda dá.


Dois:
Todos os dias são terça-feira à noite,
em letígio com o sol,
no diligência.
Coimbra é um pedaço de luz no canto da mesa
e a mulher sentada que aguarda o fado.

É a conta certa de todos os dias,
matemática da noite de terça.
É hoje: Coimbra.
Cidade à noite, entre ruas apertadas na canção
e o recibo amarelo dos que pagam a manhã
com a música que lhes falta.

É a guitarra pousada sobre a mesa.
E a frase falsa,
poço de adjectivos que a prende aqui.

7 comentários:

  1. Olá ando por cá de novo e o meu blog está na estrada...again.
    Como sempre palavras nunca escrita saiem de ti.
    Porque gosto de te ler!
    Vives em lisboa?

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  2. fiquei com vontade de beber um licor qualquer!

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  3. e já agora vou pescar links teus, que ando farta dos meus.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Sílvio, gosto do que escreves e como escreves... Mesmo sendo apenas um visitante da Coimbra que aqui descreves, ao ler-te senti que quando vens, fazes parte deste mundo. Vives todos os pormenores que geralmente pertencem aos habitantes desta cidade. Fazes parte dela. Apenas concluo. Coimbra, a "minha" cidade, é minha, tua... é de quem a sente.
    Ficamos à espera do teu regresso. Por mim, por enquanto, vou visitando as tuas palavras. Fica bem.
    Rita (desta cidade de saudade...)

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  6. A guitarra destas palavras teve eco.

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  7. Perfeito!!!

    O medo é a corda que nunca esteve,
    a música que a corda dá.

    Abraço Grande..

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