6.10.05

a vulnerabilidade

um cãozinho na trela da dor de costas. O chão efregado com força, infectado. Etão todos doentes de querer andar. Em círculos que ladram, farejam e apertam - cauda na erosão dos sonhos. Olha como saltitam cegos de mãos. Como já nem querem brincar com os copos. Em círculos que apertam como os quisessem afogar.
não sei com que direito correm, de chinelo calejado pelo pé, mala amarrada ao ombro. Num passo de cada vez, várias vezes apressado. Num salto de cada vez, várias vezes até cair. Olhar de medo que morde, de mimo. Seria assim o nosso abanar de cauda, se a tivéssemos - um olhar com dentes afiados, deslocados da boca para o frio. Cegos de braços quentes, do movimento sorridente de coçar o corpo, ajeitar a blusa, enrolar o cabelo. Círculos como se quisessem voar. Garrafas de perfume abertas em prateleiras de sonho.
o cabelo cresce com sombra, esvoaça o chão das patas com pormenores de futuro. Sóis circulares - incêndios apertados - asfixias de amanhãs; infecções.
(uma vez pus um ponto final no dia e começou a chover)
quantas bocas neste dia dos que gritam?

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