3.11.10

A corunhesa




cidades onde o homem procura desesperadamente o mar, outras onde o mar, aos olhos do homem, inunda conscientemente a cidade. esta é um mar com casas dentro, o homem contornado pela prata da agitação das ondas e pelo sal de muitos séculos. uma urbanidade fingida, aqui somos todos pescadores, aqui todos lançam a rede e confiam no que há-de vir, aqui a luz, as aves, o tempo, flutuam ao sabor das marés.

impossível não sentir a costa, qual delas?, não dar de frente com uma gaivota e perguntar-lhe como és capaz de encontrar terra?. aqui não cheira a mar, só cheira a mar! fácil ser sorriso e andar a pé, aqui, caminhar de pé. cidade recortada por mão trémula na cegueira do homem-peixe. aqui somos todos pescadores, aqui não há interior humano que não se sobressalte com a força das marés. a luz, as aves, o tempo: como fomos capazes de fazer casa em alto mar?

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