24.10.08

Pausa

Um momento!
Avança a carruagem, diz que sim com a cabeça, abana a perna cruzada, sacode a fibra do pensamento.

Um momento que isto é um lugar-comum e os lugares são como barcos atrasados. Apitam por descarga de consciência, um momento em que as águas são profundas e eu sou uma faca a vapor com pressa de a cortar. O Tejo, à noite, é um enorme buraco negro, abrigo de enguias, gatos cegos e pretos e outras monstruosidades.

Um momento!
A vossa esmola tenha a bondade de me auxiliar por favor. Os vossos olhos tenham a vontade de me entender por favor. O vosso medo tenha a habilidade de me poupar por favor. A vossa flor por favor. Vosso que é tudo, bondade, por favor.

Um momento
e descarrila esse olhar dos trilhos da memória, o passado é inútil e eu estou aqui. Com uma faca, um gato, um amor monstruoso
e isto é um lugar-comum com pressa de amar a vapor.

4 comentários:

  1. um momento: aqui nada é um lugar-comum.

    :)

    *

    ResponderEliminar
  2. Arte... é o que se chama ao que sentido se projeca para fora! Como um leve sussuro solado ao veno, que vai a todo o lado e nem por isso te dencuncia! Pois o eu mundo interior é só teu, e leio as tuas palávras com toda a significação que me corre nas veias e por isso as sinto. E por isso as faço minhas! Parabens pela deliciosa escrita, de quem toca de leve no mundo e o sente com a mão inteira!
    P.L.U.R.

    ResponderEliminar
  3. Hum... Passeios por aí, em cima de pés e carris, à noite e de dia. Hum... Suspiro de fim de tarde cansada a gostar de te ler para descansar :)

    ResponderEliminar