29.11.05

"o sol é um arco-íris, não é noite nem dia"

Aproximaram-se porque partilhavam cinzeiros. É melhor termos cuidado, advertiu ela. Diz aqui que faz mal, está aqui escrito que mata, que nos torna demasiado dependentes da vida.
E apaixonaram-se.

4.11.05

Falho sempre visitas à lua

Pingos de chuva contados a cigarro. É como andar de carro, amar - é preciso travar. É como seguir caminhos: vais no teu, esperança falsa, falha-me a mão. É como ficar num buraco com dus pedras de gelo no cérebro.
Acendo outro. Chove. Apetece mastigar o tempo, triturá-lo com uma matilha de motosserras gramaticais, uma febre de vocábulos enraivecidos. É agressiva a viagem dos que ficam, dá frio, faz não querer ninguém. A robustez da teia. Não saio daqui sem uma pequena morte, renascimento de nicotina, raíz rompendo nas trevas, manchas podres nas folhas, nos braços, no corpo, pontos negros nos olhos. Não há lua nem lado nenhum para a imobilidade, depressão de árvore, noites em negro enleadas com fitinhas de sangue, como prendas.
Faz não querer, faz um homem com lágrimas. Estradas sem mim, miragens inaladas - nem lua, nem luz, nem lume. Falta a mão, apetece chover - febre de um manco - sobra em cinzas. É como insistência por afogamento.
Não há visitas no buraco.